Por Ana Luiza Rossi
Quem está acostumado a fazer unhas ou esmaltações de gel tomou um susto ao ouvir que o gel utilizado para fazer os famosos alongamentos agora será proibido. A empresária, mentora e fundadora de uma marca nacional de produtos para unhas, Grazielle Mattos – que, inclusive, é de Volta Redonda – esclareceu a notícia, que também provocou uma grande tensão para quem trabalha no ramo.
Neste mês, a União Europeia proibiu um ingrediente químico TPO (Trimethylbenzoyl Diphenylphosphine Oxide), essencial para a durabilidade do gel. O componente é ativado com a reação de polimerização quando exposto à luz UV/LED e faz com que o gel aplicado sobre a unha endureça, de forma rápida e homogênea. Ou seja: sem o TPO ou outro fotoiniciador, o produto não finaliza a cura.
No entanto, a empresária explicou em suas redes sociais que a medida sequer chegou ao Brasil e que não haveria razão para alarde. Ao Correio Sul Fluminense, Grazielle falou sobre o componente e explicou porque a medida foi tomada na Europa.
– Não acredito que essa proibição chegue ao Brasil. Primeiro porque a decisão internacional foi baseada em precaução e não em evidência de malefício real em humano – afirmou. Segundo a empresária, os testes com o TPO foram realizados em roedores, em altas concentrações, que são diferentes das utilizadas no mercado: “Foi considerado seguro concentrações de até 5% em sistemas para unhas, embora classificado como sensibilizante cutâneo. No Brasil, no entanto, a realidade é diferente. Utilizamos apenas 0,02%, ou seja, uma fração mínima da concentração”, explicou.
Ainda que a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidisse por seguir o padrão europeu, Grazielle explica que haveria um prazo para regulamentação. “Haveria um prazo para regulamentar para que as marcas reformulassem seus produtos e para que as profissionais pudessem adaptar e finalizar seus estoques. Na prática, não vejo isso acontecendo. É a mesma lógica que a dipirona, que é proibida nos EUA mas, no Brasil, é um dos medicamentos mais prescritos”, disse.
Mesmo com o alívio para o setor no Brasil, algumas marcas já se adiantam para uma possível proibição do componente. Para isso, algumas poucas empresas já oferecem esmaltes em gel que são TPO Free, ou seja, livres do fotoiniciador.
Polêmica sobre cabines
Aliás, há cerca de um ano, também foram veiculadas notícias sobre os perigos da utilização das cabines, que possuem raios ultravioletas nas lâmpadas utilizadas para secar o gel, cuja exposição a longo prazo, poderia se tornar cancerígena. No entanto, a empresária rebateu a polêmica como mito, já que a profissão de nail design se tornou alvo fácil de pautas que geram engajamento rápido.
– É muito mais perigoso caminhar até a padaria sem protetor solar do que colocar a mão dentro de uma cabine por 60 segundos, a cada 30 dias. Para efeito de comparação, em 2 a 3 minutos sob sol forte (entre 10h e 14h), a pele da mão recebe mais radiação UV do que em toda sessão da cabine – afirma, e acrescenta ainda que “muitas dermatologistas criticam cabines, mas utilizam em consultório equipamentos com parâmetros de emissão muito semelhantes em tratamentos de pele. Nós profissionais precisamos estar sempre atualizadas para rebater esses mitos e para tranquilizar os clientes”, concluiu.