O cientista Henrique Pinto Coelho, natural de Volta Redonda (RJ), doutorando em Economia Política na Universidade de Coimbra e pesquisador da Estratégia Latino-Americana de Inteligência Artificial (ELA-IA), é coautor de um artigo internacional que analisa o avanço da chamada “economia de dados” e a transformação das informações pessoais em ativo estratégico global. Cf. https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/ela-ia/ , autores: Fabiana Cunha, Henrique Pinto Coelho, Raquel Rachid e Hernán Poblete.
Em conversa com o Movimento Ética na Política (MEP), Henrique destacou a importância de popularizar o debate sobre os impactos da monetização de dados na soberania digital brasileira. A pesquisa identifica a formação de um ecossistema de monetização que conecta a Califórnia e Brasília, unindo grandes empresas de tecnologia, o sistema financeiro e o Estado — uma convergência que, segundo os autores, ameaça a privacidade e a autonomia dos cidadãos.
Riscos éticos
O estudo também aponta a startup DrumWave, liderada por André Vellozo, como principal articuladora do PLP 234/2023, que propõe a criação de um mercado nacional de dados. Para os pesquisadores, o tema avança sem debate público adequado, abrindo caminho para uma fusão entre poder estatal e interesses corporativos.
Henrique alerta que o discurso de “empoderamento digital” pode ocultar riscos éticos e políticos, levando à financeirização da vida e ao fortalecimento de estruturas de vigilância. “A luta política é o aspecto preventivo — a população precisa se mobilizar. Imagine um ecossistema desses nas mãos de um governo autoritário”, afirmou.
Ele também chama atenção para o uso indevido de informações pessoais: “A venda de dados pode permitir que empresas explorem o consumidor. Uma seguradora, por exemplo, pode usar seus dados de compra em farmácias para ajustar o preço do plano ao valor máximo que você pode pagar.”