Vasco da Gama confirma denúncia do Correio da Manhã

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De acordo com Boletim de Ocorrência, atletas do basquete do Vasco foram aliciados para manipular resultados em uma partida contra o Botafogo. Foto: Divulgação

Em crise nas quadras, clube confirmou aliciamento de jogadores do time de basquete

A temporada do basquete do Vasco da Gama vive um momento de extrema turbulência. Se em quadra o Cruzmaltino enfrenta a maior crise recente desde que retorno à elite do basquete nacional, somando apenas 2 vitórias em 17 rodadas, o ambiente fora das quadras acaba de se deparar com uma denúncia muito complexa.

Em notícia exclusiva da Coluna Magnavita, revelada nesta segunda-feira (22), o colunista e publisher do Correio da Manhã, Cláudio Magnavita, expôs uma denúncia do aliciamento de dois atletas da equipe masculina do basquete do Club de Regatas Vasco da Gama em um esquema de apostas pela manipulação do clássico contra o Botafogo, realizado no dia 22 de outubro.

Na tarde desta terça-feira (23), o próprio Vasco associativo emitiu um comunicado oficial confirmando a denúncia do Correio da Manhã.

O Correio da Manhã entrou em contato com o Vasco, oferecendo um espaço para que o clube comentasse o caso. No entanto, a resposta reafirmou o comunicado divulgado no site oficial do clube. “O posicionamento do Vasco é a nota”, afirmou a assessoria.

A Denúncia

No último dia 8 de dezembro, um Boletim de Ocorrência explosivo foi lavrado na 17a Delegacia da Polícia Civil do Rio de Janeiro, em São Cristóvão. No documento, quem faz a denúncia é o próprio técnico da equipe de Basquete do Vasco da Gama, Leonardo Figueiró Alves – Léo Figueiró -, e há a confirmação de que os atletas do Vasco – Juan da Silva, Ícaro Almeida e Jônatas Ferreira – foram aliciados para manipular resultados em uma partida contra o Botafogo por um “investidor” chamado Paulo Henrique, que ofereceu R$ 6 mil em troca da manipulação do clássico.

O esquema é alvo de uma investigação internacional da Federação Internacional de Basquete sobre a manipulação de resultados no basquete brasileiro por esquema de casas de apostas, que também investiga o envolvimento do ex-jogador Svetozar Popovic no esquema, além de outro clube do Rio de Janeiro e um de São Paulo.

Com a confirmação do Vasco, a notícia do Correio da Manhã foi repercutida pelos principais veículos da imprensa esportiva brasileira.

Confira a nota do Vasco na íntegra

“O Club de Regatas Vasco da Gama informa que registrou denúncia na 17ª Delegacia de Polícia acerca de uma suspeita de aliciamento de atletas da equipe de basquete com o objetivo de manipulação de resultados.

O clube está adotando todas as medidas cabíveis para preservar a integridade do Vasco da Gama, de seus profissionais, de sua equipe de basquete e do próprio esporte, pautando-se sempre pela ética, transparência e respeito às competições.

O Vasco da Gama repudia veementemente o vazamento irresponsável do boletim de ocorrência por parte de um veículo de imprensa, que expõe de forma indevida profissionais e atletas do clube em um assunto extremamente sensível. Diante da gravidade desse episódio, o Vasco da Gama informa que está avaliando as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos nesse ato.

Reiteramos que o Vasco da Gama está colaborando integralmente com as autoridades competentes, colocando-se à disposição para todos os esclarecimentos necessários e para o pleno andamento das investigações.”

Ministério do Esporte

Por envolver um esquema de apostas, a reportagem entrou em contato com o Ministro do Esporte, André Fufuca, que afirmou que se preocupa com o cenário de manipulações esportivas, mas que não comenta casos sob investigação.

“O Ministério do Esporte não comenta investigações em curso, mas ressalta sua preocupação com a manipulação de resultados esportivos. Por meio da Secretaria Nacional de Apostas Esportivas e Desenvolvimento Econômico do Esporte, o Ministério tem como um dos seus focos o fortalecimento da integridade do esporte brasileiro”, afirmou.

Ele também ressaltou que existe um trabalho conjunto com o Ministério da Fazenda para garantir a isonomia esportiva e segurança pública nos esportes.

“O Ministério atua na construção de uma Política Nacional de Prevenção e Combate à Manipulação de Resultados Esportivos, em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, Polícia Federal e Ministério da Fazenda. Esse arranjo interministerial busca integrar inteligência financeira, policial e regulatória, padronizar fluxos de informação e estabelecer diretrizes para detecção, investigação e punição de fraudes, marcando a primeira iniciativa nacional integrada sobre o tema, que envolve não apenas o esporte, mas também a segurança pública e a credibilidade institucional”, explicou.

Por fim, ele relembrou os esforços do Ministério para combater as fraudes esportivas.

“Como parte desse esforço, foi realizado em 2025 o I Encontro Técnico Nacional sobre o tema, reunindo especialistas, polícias dos 27 estados e o UNODC, resultando em um curso de capacitação por videoaulas para forças de segurança. Além disso, o Ministério investe em ações educativas para atletas e agentes esportivos, reafirmando a integridade esportiva como pilar essencial para competições justas, seguras e éticas”, concluiu André Fufuca.

Exemplo na NBA

A denúncia do Correio da Manhã aconteceu em um momento muito peculiar do basquete americano. Visando combater fraudes supostamente envolvendo atletas, a NBA, maior liga de basquete do mundo, anunciou na segunda-feira (22) algumas medidas novas para evitar o vazamento de informações privilegiadas nos jogos.

Em outubro deste ano, até mesmo o craque LeBron James foi citado em um relatório sobre o caso Damon Jones, ex-treinador do astro do Lakers, que expôs o estado de saúdo do atleta para apostadores antes de uma partida.

A medida atual obriga as equipes a anunciarem a situação física de seus atletas no dia do jogo e não um dia antes. Além disso, os relatórios de lesões serão atualizados em intervalos mais curtos para tentar evitar esses vazamentos de informações privilegiadas.

Talvez seja hora do Novo Basquete Brasil se espelhar na organização americana e reforçar as medidas preventivas – e punitivas – para casos de manipulação e vazamentos privilegiados.