Serra das Araras registra acidentes semanalmente

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Obras de duplicação, que devem terminar em 2027, vão dar fim as curvas sinuosas do trecho. Divulgação: Reprodução/CCR RioSP

Por Ana Luiza Rossi

Mesmo com radares ativos tanto na pista de descida quanto de subida, a Via Dutra registrou pelo menos seis acidentes em outubro e quatro até 10 de novembro, na Serra das Araras. Ou seja, pelo menos uma vez na semana, há intercorrências no trajeto que faz a ligação entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. E detalhe: maioria dos acidentes envolveram veículos de grande porte, como carretas e caminhões.

De acordo com o Supervisor Operacional da Equipe Delta da 7ª Delegacia de Polícia Rodoviária Federal (PRF), Carlos André Nogueira, mesmo com a incidência semanal, os acidentes no trecho reduziram cerca de 28,79%. De 01 de janeiro a 10 de novembro de 2024, foram registrados cerca de 66 acidentes, enquanto o mesmo período em 2025 caiu para 47. A quantidade de mortos, no entanto, permaneceu na mesma estatística com cerca de 4 óbitos.

Entre os tipos de acidente que ocorrem na Serra, tombamento de veículos lideram o ranking, seguido por colisão com objeto fixo – como muretas ou canteiros – e colisão traseira. Os acidentes são causados, em sua maioria, por falha humana, seja por imprudência, negligência ou imperícia, como explicou Nogueira.

– Na Serra das Araras, eu não diria que os veículos imprimem uma velocidade excessiva, mas sim incompatível para o local. O centro de gravidade é mais elevado devido ao grande tamanho dos veículos de carga e se os condutores não tiverem cuidado ao reduzir a velocidade de segurança para fazer uma curva, principalmente na pista de descida, o risco de ocorrer a perda de controle é grande – pontuou.

Congestionamentos e efeito cascata

Aliás, além da questão com a gravidade dos acidentes, também há as consequências no trânsito. A depender do nível da intercorrência e a necessidade de interdição de meia-pista ou total, o congestionamento chega a quilômetros. Um trajeto Rio a São Paulo, por exemplo, que normalmente dura cerca de 6h, pode ganhar algumas horas extras até iniciar a liberação da pista.

E para efeitos ainda mais negativos quando há retenção do tráfego, há casos de motoristas de caminhão que dormem nas cabines. Quando o trânsito volta a fluir, os grandes veículos ficam parados na pista e seguram o trajeto. Ainda há outros efeitos como pane mecânica e o bloqueio de rastreadoras, que muitas das vezes, foge do controle do motorista.

– Além disso, se o veículo ficar muito tempo parado, pode ser necessário que se dê a partida e fique acelerando para encher os tanques de ar dos freios para destravá-lo e conseguir movimentar o veículo. As vezes, não tem o que fazer, apenas ter paciência e aguardar o processo – explicou o supervisor.

Há penalidade para a infração de deixar o veículo estacionado na faixa de rolamento, de acordo com o Artigo 181, V do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), com o pagamento de R$293,47 e ainda cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Duplicação do trecho 50% concluído

Em outubro, a concessionária responsável pela Via Dutra, a CCR RioSP, informou que cerca de 50% das obras de duplicação do trecho da Serra das Araras já estão concluídas ao longo de 18 meses de obra, iniciadas em abril de 2024. Com a expansão, haverá a redução de 25% do tempo no percurso da subida (sentido São Paulo) e 50% na descida (sentido Rio de Janeiro).

As obras compreendem um trecho de oito quilômetros por sentido, totalizando 16 quilômetros de extensão, entre o km 225 e o km 233. Neles, serão construídas 93 contenções, oito pontos de ônibus e três passarelas.

O Correio Sul Fluminense entrou em contato com a assessoria de imprensa da CCR RioSP para saber se com as obras de duplicação pode haver algum impacto para redução dos acidentes. Até o fechamento desta publicação, por volta de 19h, não houve resposta.