Papai Noel de Volta Redonda concorre ao Oscar Noel 2025

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'Papai Noel' vem de Porto Alegre para Volta Redonda e encanta crianças há quase três anos. Foto: Arquivo

Desde de 2022, ele se tornou uma das figuras mais emblemáticas do Sider Shopping durante o Natal

Por Isadora Ventura

As famílias e crianças que visitam o famoso Papai Noel do Sider Shopping, em Volta Redonda, nem imaginam que ele está concorrendo ao Oscar. Mas não a tradicional premiação de Hollywood. O bom velhinho do Sider está como um dos ‘indicados’ na categoria de Melhor Papai Noel do Ano do Oscar Noel 2025.

Para votar, basta acessar o link www.escoladepapainoeldobrasil.com/oscar, preencher os requisitos e votar em César Fernando. A votação é popular, online e já está ativa.

Aliás, por trás da longa barba branca e da magia que espalha a ternura do Natal pela cidade, existe César Fernando Freitas Silveira, de 59 anos, morador de Porto Alegre (RS). Desde de 2022, ele se tornou uma das figuras mais emblemáticas do Sider Shopping durante o Natal.

O que ninguém sabe é que, assim como a figura natalina, César também começou sua vida voando pelos céus. Não de trenó, mas de avião.

– Ingressei na Varig em 1990. Trabalhei lá até 2006, quando a empresa faliu. Depois, entrei na Azul Linhas Aéreas e fiquei até 2011. Na Varig, eu era agente de atendimento aeroportuário, me formei comissário de voo e dava instrução, formava novos comissários”, conta César, que mantém a paixão pelo ensino: “No ano de 2000, entrei para a Flight Escola de Aviação, no Rio Grande do Sul, onde ministro aulas e formo comissários até hoje”.

César conta ao Correio Sul Fluminense como foi essa transição de comisario de voo para se tornar o Bom Velhinho, que teve início 2013 como um Noel vocacionado e filantrópico em uma cidade do interior chamada Bom Princípio. Quando foi convidado por sua amiga Adriana Scholten, que o questionou se ele tinha alguma roupa de Papai Noel para emprestar. Ele comprou e se ofereceu para interpretar o personagem.

A transição das asas para o trenó

Ao Correio Sul Fluminense, César relembrou como ocorreu a transição da aviação civil para o posto de Bom Velhinho. Tudo começou em 2013, como um “Noel vocacionado e filantrópico” na cidade de Bom Princípio (RS). O convite veio de uma amiga, Adriana Scholten, que precisava de alguém com urgência.

-Lembro até hoje. Ela perguntou se eu tinha a roupa. Eu disse para ela: ‘Consegui a roupa e o modelo também’. Aquela foi a minha primeira experiência, entregando presentinhos para as crianças da escolinha dela- recorda.

A virada de chave aconteceu em 2022, quando ele buscou profissionalizar a atuação. César destaca que existem técnicas precisas, até mesmo para um simples abraço: —Ao abraçar, a minha mão tem que estar à mostra. Eu encosto o meu braço, mas as duas mãos devem estar expostas. Isso é o lado técnico profissional. Mas o lado emoção e carinho permanece o mesmo, se não até maior.

Preparação técnica

Engana-se quem pensa que basta vestir a roupa vermelha. A formação na escola especializada envolve maquiagem, postura, exercícios físicos (no trono e fora dele), canto, psicologia aplicada e oficina de brinquedos.

-Existe uma postura específica para o Papai Noel. O bom personagem tem que seguir à risca todos os ensinamentos – explica César, destacando a importância da inclusão. -Temos noções de Libras. Embora eu já utilizasse um pouco na comunicação, as aulas sempre acrescentam. É muito bom.

Representatividade e emoção

Para o ator, o momento em que uma criança percebe que o Papai Noel consegue se comunicar na língua dela — seja em Libras ou em outro idioma — é o auge da emoção.

-No primeiro contato, eu respiro fundo. O Noel é 90% emoção. Muitas vezes tenho que tomar um gole d’água, sorrir e respirar para não chorar. Quando você vê a reação deles, percebe que está mergulhando no mundo da deficiência auditiva-, diz emocionado. Ele relata que a notícia se espalha rápido entre a comunidade surda:

-Eles divulgam uns aos outros: ‘olha, o Papai Noel de tal shopping se comunica em Libras’. É maravilhoso.

A preparação também abrange turistas. -Recentemente, veio um cliente canadense dizendo que não falava português. Respondi: ‘It’s not a problem, you’re welcome sir’. É a preocupação em tentar acolher a todos, – afirma.

Solidariedade em tempos difíceis

Além do trabalho no shopping, o Papai Noel realiza ações solidárias em creches, orfanatos, Casa Lar do cego Idoso e Casa Geriatrica. César viveu na pele o drama das enchentes no Rio Grande do Sul, mas transformou a dificuldade em solidariedade.

-A água chegou na porta do meu prédio. Tive que sair, fui abrigado na casa do meu irmão. Mas não deixei de ser Papai Noel em nenhum momento”, conta ele, lembrando das cenas que viu de sua janela. Eu via pessoas saindo de madrugada com sacos de lixo com as poucas roupas que restaram e crianças no ombro. Fizemos algumas ações e conseguimos ajudar uma boa parte das pessoas.

Reconhecimento oficial

Recentemente, o “Bom Velhinho” recebeu uma homenagem da Câmara Municipal de Volta Redonda. O momento foi preparado como uma surpresa: ele foi convidado sob o pretexto de homenagear o vereador Eduardo, um fã do personagem.

-Quando comecei a parabenizá-lo pelo trabalho, ele disse: ‘Noel, muito obrigado, mas na verdade o senhor é que está sendo homenageado hoje’. O Noel, que é pura emoção, ‘despencou’. Jamais esperava receber esse reconhecimento”.