Golpe do ingresso falso: como identificar e se prevenir

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Advogado recomenda que o público sempre prefira adquirir o ingresso em sites oficiais de venda

Por Lanna Silveira

A venda de ingressos de show falsos é um dos golpes aplicados com mais frequência na internet, devido a alta de públicos de todas as cidades pela experiência de assistir grandes artistas ao vivo. Comumente realizados por meio de vendas nas redes sociais, ou mesmo em portais de revenda de ingressos, esse tipo de golpe costuma atingir pessoas que não conseguiram garantir os tickets durante o período oficial de vendas, precisando recorrer a compra das entradas de forma informal e sem garantia de segurança.

Uma moradora da região, que preferiu não se identificar, sofreu recentemente um golpe ao tentar adquirir um ingresso para o show da dupla Oasis, que acontecerá em novembro. Após não conseguir comprar os tickets durante o período de vendas oficial, devido ao rápido esgotamento dos ingressos, a moradora buscou anúncios de pessoas interessadas em vender suas entradas na plataforma X/Twitter. O acordo de venda foi feito pelo Whatsapp e o pagamento realizado via pix.

Segundo o relato, após a realização do pagamento, o vendedor pediu que ela esperasse para que o ingresso fosse enviado. Neste meio tempo, o golpista apagou todas as mensagens da conversa e bloqueou o número da vítima no Whatsapp. Ela tentou pedir o estorno da transferência ao banco, mas não teve sucesso.

A moradora conta que outros usuários do X/Twitter relataram golpes similares ao tentar comprar ingressos para o mesmo show – porém, não com o mesmo golpista -, que diziam que o golpista prometeu que faria chamadas de vídeo durante a venda do ingresso e enviaria seus documentos de identificação, sem cumprir com nenhuma das promessas.

Orientações

Segundo Luiz Gustavo Cavalcanti, professor de direito da Universidade Federal Fluminense (UFF), este crime se encaixa como estelionato, podendo, em alguns casos, incluir os agravantes de falsificação de documento e falsidade ideológica. Ele também garante que este tipo de crime exige que o culpado faça uma reparação econômica à vítima.

O especialista explica que existem grandes chances de o consumidor estar adquirindo um ingresso falsificado caso a compra seja feita em sites paralelos ou grupos de marketplace em redes sociais.

Para evitar golpes, de modo geral, o advogado orienta que os consumidores sempre prefiram comprar os ingressos por meio de plataformas oficiais da organização do show pretendido. Ele também orienta que os consumidores tenham atenção redobrada caso optem por fazer compras em sites oficiais de revenda de ingressos, citando como exemplos portais como “ViaGogo” e “BuyticketBrasil”, já que a venda nestes sites é feita por pessoas físicas e não pela organização do evento.

Caso o cliente precise, por algum motivo, adquirir o ingresso por meio de terceiros, Luiz alerta para que sejam tomados todos os cuidados para verificar a credibilidade do ingresso.

– Hoje com os ingressos digitais, tal possibilidade é simples uma vez que o ingresso pode ser transferido entre aplicativos, então desconfie de QR Codes impressos, códigos de e-mail ou ingressos em filipetas que não estejam em conformidade com as oficiais do evento. Desconfie também de preços em valores muito baixos, podendo ser indício de fraude. Sempre evite adquirir ingresso de cambistas, uma vez que além de praticar preços altos, não raro, eles vendem ingressos falsos e, como dificilmente podem ser identificados, ficam livres de responsabilização – explica o advogado.

Luiz acrescenta que, antes de realizar o pagamento a terceiros, é importante registrar dados pessoas do vendedor que facilitem a sua identificação, como nome completo, CPF e endereço, além de pedir para que o vendedor emita uma declaração de transferência e autorização para que o comprador use o ingresso em seu lugar – nos casos em que os ingressos vêm nomeados. O cliente também deve checar se a documentação informada pelo vendedor é reconhecida, por meio do uso de plataformas como o “gov.br”.

– Estando munido dos dados do vendedor, fica facilitada a eventual responsabilização caso se descubra que o ingresso é falso ou imprestável, sendo certo que dificilmente um vendedor de ingressos falsos oferecerá essa segurança, de modo que, caso o vendedor se recuse a prestar essas informações, é melhor não seguir com a compra.