A Eletronuclear enviou nesta terça-feira, dia 04, ao Ministério de Minas e Energia (MME), o resultado do estudo atualizado sobre a modelagem econômico-financeira de Angra 3, elaborado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O levantamento, solicitado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), aponta que a conclusão da usina é o cenário mais racional e vantajoso para o país.
O MME deverá remeter os estudos ao CNPE, que decidirá pela conclusão ou não da usina em reunião com realização prevista ainda em 2025. O tema já foi debatido pelo CNPE em três oportunidades desde 2024 — em dezembro de 2024, fevereiro de 2025 e outubro de 2025 — ocasiões em que houve voto favorável à conclusão do empreendimento proferido pelo presidente do Conselho, o ministro de Minas e Energia, seguido, contudo, de pedido de vista coletivo pelos demais conselheiros.
Segundo o estudo, o custo do abandono das obras de Angra 3 pode variar entre R$22 e R$26 bilhões. O valor pode ultrapassar o necessário para a conclusão do empreendimento, estimado em R$ 24 bilhões, sem produzir um único MWh de energia elétrica.
O documento do BNDES também aponta que eventuais ganhos financeiros, como deságio na contratação do EPCista, melhores condições de crédito nas emissões de dívida e incentivos tributários em discussão no Congresso Nacional — como o Renuclear — poderão contribuir para reduzir os custos finais do empreendimento. Além disso, novas medidas a serem definidas pelo CNPE poderão diminuir ainda mais a tarifa de equilíbrio.
A entrada em operação comercial da usina está prevista para 2033. Os resultados do estudo reafirmam as conclusões apresentadas em 2024, mantendo-se dentro dos limites esperados de revisão e preservando a mesma ordem de grandeza entre os cenários de continuidade e de abandono do projeto.
Cenários analisados
O trabalho foi conduzido, de forma independente, pelo BNDES com suporte técnico da Eletronuclear, e contemplou três cenários:
– Manutenção dos termos do acordo de investimentos celebrado entre Eletrobras e ENBPar, com participação de sócio privado;
– Conclusão do empreendimento com recursos públicos, oriundos da ENBPar e da União;
– Abandono do projeto, com detalhamento de custos, possíveis fontes de recursos e impactos para as partes envolvidas, inclusive estatais do setor nuclear;
Resultados do estudo
– Custo estimado para conclusão do empreendimento: R$ 23,9 bilhões
– Custo estimado para abandono do projeto: de R$ 21,9 bilhões a R$ 25,97 bilhões
– Tarifa de equilíbrio (base nov/2024):
Cenário 1 – R$ 778,86/MWh
Cenário 2a – R$ 817,27/MWh
Cenário 2b – R$ 791,81/MWh
Entrada em operação comercial prevista: março de 2033
Nos três cenários, o estudo indica uma tarifa de equilíbrio entre R$ 778 e R$ 817 por MWh, inferior ao custo médio da maioria das usinas térmicas de grande porte do país, , considerando os Custos Variáveis Unitários (CVU) acrescidos da Receita Fixa pela disponibilidade (aferida mesmo sem despacho da usina) — o que tornaria Angra 3, juntamente com Angra1 e 2, as térmicas mais competitivas desse porte no subsistema Sudeste. O estudo também destaca que Angra 3 oferecerá energia limpa, estável e de longo prazo, contribuindo para a segurança energética e para as metas de descarbonização da matriz elétrica brasileira.
Em relação ao estudo apresentado ao CNPE em dezembro de 2024, houve acréscimo de aproximadamente R$ 75/MWh, decorrente principalmente da postergação da entrada em operação e da atualização dos custos de financiamento e investimento. Vale destacar que o estudo de 2024 já previa esse possível acréscimo, estimado em até R$ 100/MWh, caso a decisão sobre o projeto não fosse tomada ainda naquele ano.