Grupos vão casas de devotos e comunidades, levando cânticos
Os foliões de Barra do Piraí afinaram os instrumentos, prepararam as bandeiras e iniciaram, à meia-noite do dia 25 de dezembro, as jornadas da Folia de Reis. O momento marcou o início de um dos períodos mais simbólicos da cultura popular do município, quando fé, música e devoção percorrem ruas, bairros e distritos, renovando uma tradição que atravessa gerações.
A Folia de Reis representa a peregrinação dos Três Reis Magos até o nascimento de Jesus Cristo e, em Barra do Piraí, é reconhecida como uma das manifestações culturais mais fortes e preservadas do território.
Muito além do aspecto religioso, a folia carrega valores de pertencimento, memória coletiva e identidade cultural, transmitidos principalmente pela oralidade, pela música e pela convivência comunitária.
Durante as jornadas, que se estendem do Natal até o Dia de Reis, em 6 de janeiro, e seguem também pelas celebrações dedicadas a São Sebastião, os grupos visitam casas de devotos e comunidades, levando cânticos tradicionais, bênçãos e mensagens de esperança.
Cada apresentação respeita rituais próprios e reafirma o compromisso dos foliões com a preservação dessa herança cultural construída ao longo de décadas.
Representando os grupos tradicionais, o mestre Altair da Silva, da Folia Irmandade de São Sebastião, do bairro Metalúrgica, destaca o significado desse período.
“Esse é um tempo muito especial para nós. A gente sai levando alegria, fé e tradição para as casas e para os bairros. A folia é a minha vida, sempre foi feita com dedicação, com ou sem recurso. É uma missão que passa de geração em geração”, afirmou.
A tradição das folias vive, neste momento, um novo capítulo em Barra do Piraí com a criação da Associação Cultural Casa de Reis e São Sebastião, oficializada recentemente. A entidade nasce com o objetivo de organizar, fortalecer e dar representatividade aos grupos, além de ampliar o acesso a projetos, parcerias e ações permanentes ao longo do ano.
O presidente da associação, Almir Moraes de Souza, o Federal, ressalta a importância da formalização para o futuro das folias no município.
“Essa associação era um sonho antigo dos foliões. Agora temos uma entidade organizada, com tudo regularizado, para representar os grupos, buscar projetos e garantir que essa tradição continue viva. A Folia de Reis é cultura, é fé e é identidade do nosso povo”, destacou.
