Região Sul Fluminense se despede de Fábio Fernandes

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Fábio Fernandes

A região se despede de Fábio Fernandes, proprietário do Auê Clube há quase 40 anos

Nesta semana, a região Sul Fluminense se despediu de Fábio Fernandes: um dos principais fomentadores da cultura regional; em especial, às iniciativas de minorias sociais.

Fábio foi proprietário da maior boate LGBTQIA da região Sul Fluminense: o Auê Clube, fundado em 1987 — inicialmente, como um pequeno bar voltado para o público aficionado por rock. O local se tornou um refúgio para uma comunidade que sofria com preconceitos, especialmente em um contexto interiorano, e não possuía segurança para existir e se expressar. O Auê também surgiu como um local de oportunidade para que artistas LGBTQIA , como DJs, performers e Drag Queens, tivessem um público para apresentar sua arte e construir uma cena cultural sul fluminense.

O Auê Clube foi uma das únicas casas noturnas que sobreviveu ao teste do tempo em Volta Redonda, em meio a tantas outras que explodiam em popularidade e acabavam sendo fechadas em menos de cinco anos. Batendo seus 30 anos de funcionamento, o Auê extrapolou o nicho LGBTQIA e se tornou o “point” da noite voltarredondense — com a ajuda de Fábio Fernandes Júnior, filho de Fábio, que passou a fazer parte da organização do clube por volta de 2015.

Em seus anos recentes, o Auê fez o interesse e o desenvolvimento da cultura LGBTQIA local girar ainda mais: a casa recebeu grandes festas da cena, promovidas em cidades como Rio e São Paulo, além de receber grandes nomes nacionais, como Pablo Vittar, Luisa Sonza, Gretchen e Inês Brasil. O espaço também viabilizou a realização de iniciativas locais que se consolidaram na cena underground LGBTQIA , como a Swave e a Najah (que veio a se tornar a festa ballroom Najah Ball). Outras propostas alternativas de nichos distintos também foram recebidas pela casa, como o R.U.A. Crew (coletivo de hardcore punk).

Para pessoas próximas, Fábio era uma pessoa feliz, determinada, ligada ao público e aos artistas que frequentavam e faziam parte do Auê e determinada em fazer seu sonho acontecer.

Para o público, de forma geral, Fábio foi um grande aliado das comunidades marginalizadas socialmente na região e será lembrado como um dos principais agentes culturais da região; o responsável por oferecer um espaço de criação de memórias, primeiras vivências, conexões, criações, resistência e, principalmente, segurança. O legado de sua atuação como produtor cultural será sentida por toda a comunidade artística que Fábio ajudou a construir, direta ou indiretamente.