‘Eu tenho rima pra trocar’: Roda Cultural de Volta Redonda promove nova edição neste fim de semana

Título do Post Incrível
Roda de Rima

Por Lanna Silveira

A Roda Cultural de Volta Redonda apresenta, neste sábado (15), o projeto “Eu tenho rima pra trocar”: um campeonato municipal de freestyle contemplado pela PNAB – Volta Redonda. O evento acontecerá no Palco Cultural Urbano Amaral Peixoto, das 16h às 22h, com entrada gratuita.  

Segundo a organização da Roda Cultural, essa edição busca celebrar a arte do freestyle, as batalhas de rima, o improviso e o peso que a palavra tem na cultura hip hop. “A palavra cria mundos e ela é a arma e a munição dos MCs durante uma batalha ou um freestyle. A palavra é uma das formas de disputa dentro da cultura hip hop” explica Isadora, que faz parte do coletivo.  

A programação do evento terá um formato adaptado de batalha de MCs em dupla, com 16 MCs, contemplando a “Batalha do Troco” – a batalha de MCs que faz parte da Roda Cultural de Volta Redonda e é a mais antiga em atividade na região Sul Fluminense. O campeonato contará com a participação dos mestres de cerimônia Graziel e Ju Dorotea. Além da batalha, a programação também contará com um show de Kmila CDD, um dos nomes mais notórios do rap carioca e nacional. O evento também terá discotecagem dos DJs residentes da Roda Cultural, l v k s e Dirty Death, que irão explorar vertentes do hip hop, criando uma atmosfera dançante dos bailes em seus sets. 

A line da edição foi pensada para celebrar a potencialidade dos MCs da região Sul Fluminense – especificamente, de Barra Mansa e Volta Redonda -, além da Batalha do Troco. A escolha de Kmila CDD para integrar a noite parte da admiração da Roda Cultural pelo seu trabalho e o reconhecimento da necessidade de reforçar a presença das mulheres no movimento hip hop.  

– [É] uma artista que tem muita barra para trocar. Kmila CDD é um grande nome da nossa cultura e, neste ano, lançou o EP “Quebra-Cabeça”, que traz muito boombap e rimas sujíssimas, o que combina demais com a Roda Cultural de Volta Redonda. Acreditamos que, como coletivo de cultura hip hop, também temos a obrigação de trazer outro fundamento para as ruas. Hoje, vivemos um cenário de mais visibilidade das mulheres na cultura hip hop, e escolher a Kmila CDD também é uma forma de contar que as mulheres sempre estiveram aqui. É uma retomada do que sempre foi nosso – conclui Isadora. 

Resistência municipal e regional 

O coletivo surgiu em 2011, com a necessidade de se criar um espaço para que os MCs de Volta Redonda pudessem praticar o freestyle. Ao longo de sua trajetória, a equipe da Roda Cultural declara seguir firme no propósito de se impor como um coletivo que vivencia e impulsiona a cultura hip hop de forma independente na cidade.  

Isadora explica que o coletivo é formado por pessoas de diversas formações e trajetórias de vida que acreditam no poder da cultura hip hop: trabalhadores CLT, agentes culturais, artistas e estudantes de áreas variadas. Ela ressalta, também, que muitas gerações já fizeram parte do coletivo ao longo desses 14 anos. “Muitos dos que fazem parte do coletivo hoje, como eu, começaram a ter contato com a Roda lá atrás, ainda na adolescência.” 

O coletivo encara a organização da Roda Cultural com um senso grande de responsabilidade e compromisso com a cultura sul fluminense. Uma das maiores missões da equipe é lutar pela permanência da cultura hip hop no espaço urbano, abrir espaço para o surgimento de novas iniciativas na cena, e garantir que suas manifestações sejam tratadas com o respeito e a celebração merecidas.  

“Hoje, as rodas e batalhas de rima são patrimônio cultural e imaterial da cidade (PL 6092/22). Mas, para chegar até aqui, foi muita luta e nada veio até nós como presente. O que acontece hoje em Volta Redonda, com um pouco mais de espaço e valorização da cultura hip hop, é fruto de uma luta histórica de vários MCs, DJs, grafiteiros, artistas de rua, agentes culturais e batalhas que insistiram em tomar as ruas com a cultura hip hop. A Roda faz parte dessa luta também. Ainda assim, vemos a cultura hip hop e seus agentes sendo criminalizados ou desvalorizados na região.  Para a juventude, especialmente a juventude negra da região, é fundamental que as rodas e batalhas sigam crescendo. Esse crescimento deve ser acompanhado de políticas públicas e culturais que pensem no movimento hip hop como um todo, e não em um coletivo em detrimento do outro. A partir do momento em que jovens e adolescentes se reúnem para tratar sobre cultura, [se] gera um lugar de identidade, de acolhimento, de conscientização e de diversão.”