Comissão apura ligação entre seguradoras com crime organizado
Por Redação
A “CPI das Câmeras”, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), está marcada para iniciar no próximo dia 11 de agosto, às 10h, e já conta com novos convocados. Entre eles, está Marcelo Lopes de Paula, que é sócio administrador do Grupo Guardião – prestadora de serviços de segurança – com sede em Barra Mansa. A empresa estaria supostamente ligada a dois outros convocados e investigados: Erick Castiglioni Coser, diretor executivo da Gabriel Tecnologia, que é o principal alvo da CPI; e Gustavo Guerrante, secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento do Rio de Janeiro. A empresa ‘Gabriel’ começou as operações em 2020, inicialmente na no Rio e após um ano, expandiu as atuações para São Paulo.
A Redação do Correio Sul Fluminense tentou entrar em contato com Marcelo por meio de um número comercial da sua empresa. Pelo WhatsApp, um funcionário explicou que o sócio desconhece totalmente dos fatos e, a partir das informações da CPI, irá tratar diretamente do assunto com o seu setor jurídico. A conversa foi encerrada sem demais esclarecimentos.
Sobre a CPI
A CPI foi instalada em 24 de junho, quando foram eleitos o deputado Marcelo Dino (União) para a vice-presidência e o deputado Filipe Poubel (PL) como relator. Alexandre Knoploch – autor do requerimento de criação da CPI – explicou que o trabalho será voltado tanto para a análise da forma como as imagens de câmeras em espaços públicos estão sendo armazenadas e utilizadas quanto para a investigação de empresas que, segundo ele, lucram com a sensação de insegurança.
– A CPI não é contra o uso de câmeras ou de tecnologias de monitoramento, mas é preciso entender o destino dessas imagens, que na maior parte do tempo são captadas sem a ocorrência de crimes. Também vamos apurar a relação de cooperativas e seguradoras com práticas que envolvam pagamento de resgates ao crime organizado e, ainda, casos de empresas que, por meio de ameaças veladas, pressionam moradores a contratar serviços de segurança privada – afirmou Knoploch.
Fiscalização do uso de imagens
Marcelo Dino defendeu que a gestão e o controle das imagens de monitoramento devem ser responsabilidade do Estado. Ele ressaltou ainda que o uso da tecnologia pode ser um importante aliado da segurança pública, mas alertou para os riscos de deixar esse tipo de informação nas mãos da iniciativa privada. “Reconhecimento facial, leitura de placas, monitoramento por câmera, tudo isso é fundamental, mas é o Estado que deve ter o domínio desses dados. Não podemos permitir que empresas privadas tenham acesso irrestrito a imagens que envolvem a vida e a segurança das pessoas”, disse.
Já o relator da CPI, Filipe Poubel, alertou para os riscos envolvendo o vazamento de dados obtidos por sistemas de monitoramento. “Há denúncias sérias sobre o uso indevido dessas imagens e isso precisa ser investigado com rigor. Nosso dever é garantir que a privacidade dos cidadãos esteja protegida e que não haja brechas para abusos. A CPI nasce com esse compromisso de assegurar transparência e responsabilidade na gestão desses dados”, pontuou.
Também integram a Comissão como membros titulares os deputados Rodrigo Amorim (União) e Luiz Paulo (PSD). Os parlamentares Renan Jordy (PL), Professor Josemar (PSOL) e Thiago Rangel (PMB) são suplentes.