Eletronuclear tenta fazer o resgate de R$ 1 bilhão

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Alexandre Silveira diz que Angra 3 será discutida em reunião do CNPE - © Lula Marques/ Agência Brasil

Valor é proveniente de fundo de descomissionamento das usinas

Por Sônia Paes

A Eletronuclear articula o resgate antecipado de R$ 1 bilhão do Fundo de Descomissionamento de Usinas Nucleares. Caso contrário, a estatal federal terminará o ano com um rombo calculado em R$ 1 bilhão, mesmo valor que pretende antecipar. Já em novembro, o déficit da Eletronuclear informado a diversos órgãos é da ordem de R$ 330 milhões. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira, dia 24, pelo Valor Econômico.

A possibilidade de um colapso econômico na Eletronuclear vem sendo anunciado desde a paralisação das obras de Angra 3, iniciadas ainda na década de 80, escândalos relacionados à Lava Jato e sucessivas crises nas presidências. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sinalizou com uma informação que dá um certo alívio para a empresa. Segundo ele, o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) discutirá sobre o andamento das obras da usina na reunião marcada para 31 de outubro. O tema, entretanto, entrou inúmeras vezes na pauta do Conselho este ano e foi descartado.

Silveira é defensor da continuidade da construção de Angra 3 e atua como uma espécie de bombeiro em setores do governo federal contrários às obras. O tema é delicado principalmente por conta do tamanho do investimento: em torno de R$ 23 bilhões. A situação é complicada também se a opção for a paralisação da usina. Serão gastos anualmente aproximadamente R$ 1 bilhão, com os custos de manutenção, preservação de equipamentos e dívidas bancárias.

Caixa ameaçado

As dívidas contraídas ao longo dos últimos anos assombram o caixa da estatal, que tenta driblar a situação. Em meados deste ano, o então presidente da empresa, Raul Lycurgo, pediu suspensão do pagamento de R$ 800 milhões por ano em empréstimos de Angra 3 à Caixa e ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) até dezembro de 2026.

Detalhe: não foi o primeiro pedido de suspensão de dívida feito pela empresa. Além disso, a aprovação do pedido depende justamente de uma decisão sobre a retomada de Angra 3, que afetará diretamente a modelagem financeira e o futuro da companhia. A dívida acumulada em torno de Angra 3, contratada na época da retomada das obras, chega a cerca de R$ 7 bilhões.

Combustível para usinas, outro histórico de dívidas

O fornecimento de combustível para as usinas do complexo nuclear de Angra feito pela INB (Indústria Nucleares do Brasil) é outro ‘calcanhar de Aquiles’ da estatal. Há um histórico de dívidas entre as estatais que já colocou, inclusive, em risco a operação das usinas nucleares de Angra.

O acúmulo dos débitos, agravado por atrasos, leva as empresas a firmarem sucessivos acordos. Mesmo diante dos desafios de caixa, a INB informou, no primeiro trimestre de 2025, um bom desempenho, com deságio médio de 26% em suas licitações.

Em 2024, a INB fechou o ano com o maior volume de recursos em caixa dos últimos 10 anos, cerca de R$ 566 milhões. Isso graças ao aumento da produção de urânio e à retomada da mineração em Caetité, na Bahia.

Correio Sul Fluminense

Uma Publicação do Grupo Correio da Manhã

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