A Avenida Paulista foi ocupada na tarde deste domingo por milhares de manifestantes ligados à direita política, que participaram de um ato em defesa da anistia aos envolvidos nos episódios de 8 de janeiro de 2023. A manifestação começou por volta das 15h e contou com a presença de lideranças políticas, religiosas e representantes de movimentos conservadores.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, participou do evento. Em seu discurso, defendeu uma “anistia ampla” e afirmou que a ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar, tornava a comemoração da Independência incompleta. Tarcísio declarou ainda que Bolsonaro é o candidato da base conservadora para as próximas eleições.
A manifestação foi organizada por aliados políticos e lideranças religiosas, com concentração em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Entre os participantes estavam parlamentares, líderes evangélicos e representantes do Partido Liberal (PL). A pauta central foi a anistia a investigados e condenados por participação nos atos considerados golpistas ocorridos em Brasília em 2023.
Faixas com frases de apoio a Bolsonaro, críticas ao Supremo Tribunal Federal e pedidos de liberdade para presos dos atos de 8 de janeiro foram erguidas por manifestantes ao longo da avenida. A organização do evento estimou a presença de centenas de milhares de pessoas, mas os números oficiais não foram divulgados até o momento.
A segurança foi reforçada pela Polícia Militar, e não houve registro de ocorrências graves. O metrô de São Paulo operou com esquema especial para atender a demanda do público.
Durante a semana anterior ao evento, Tarcísio de Freitas se reuniu com aliados para discutir a participação no ato. A presença do governador foi considerada estratégica por lideranças do campo conservador, que vêm discutindo a viabilidade de seu nome para projetos políticos nacionais.
O evento seguiu até o início da noite com discursos de lideranças religiosas, parlamentares e familiares de presos dos atos de 2023. A manifestação foi encerrada com orações e o canto do hino nacional.
Mais cedo, pela manhã, grupos ligados à esquerda realizaram atos no centro de São Paulo com pautas relacionadas à democracia, direitos sociais e críticas ao governo estadual. As manifestações ocorreram na Praça da República e na Catedral da Sé, sem incidentes registrados.

Ato na Paulista
Na Avenida Paulista, manifestantes pró-Bolsonaro tomaram a via em frente ao MASP. Com faixas de “Fora Moraes” e a favor de Trump, eles pediram anistia ampla.
Com vários políticos presentes, um dos discursos que mais chamou atenção foi o do governador paulista, Tarcísio de Freitas. Posicionando-se mais à direita, ele saiu da ala dos moderados e radicalizou suas propostas, principalmente nas críticas ao STF.
“Não acredito em elementos que para ele (Bolsonaro) ser condenado, mas infelizmente hoje eu não posso falar que confio na justiça, por tudo que a gente tem visto”, disse.
Em um dado momento, fez duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes, chamando-o até de ditador.
“Não vamos aceitar a ditadura de um poder sobre o outro. Não vamos aceitar que nenhum ditador diga o que temos que fazer. Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes”, exaltou o governador.
Presente também na Paulista, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também fez um discurso para os simpatizantes.
“Nunca pensei que seria tão difícil estar aqui hoje com vocês. Mas creio e tenho a certeza de que a gente vai passar por isso e justiça do Senhor vai reinar sobre essa nação”, disse, sob lágrimas, Michelle.
Ela também ressaltou que o país vive uma ditadura e perseguição política:
“Ministros, vocês prometeram cumprir as leis e defenderem a nossa constituição. Ela está sendo rasgada diariamente , injustiças são cometidas por alguns poucos do vosso meio que se dizem juízes, mas agem como tiranos”.
Michelle disse que está se desdobrando como mãe, esposa e presidente do PL Mulher, mas que tem confiança de que vão sair vitoriosos dessa luta:
“Se temos esse exército de homens e mulheres de bem nas ruas, defendendo a democracia, é porque Deus levantou essa nação”.
Ato na Praça da República
Em São Paulo, centrais sindicais e lideranças de esquerda se reuniram na Praça da República, em um contraponto aos atos bolsonaristas que pedem anistia aos golpistas, exibem bandeiras dos Estados Unidos e fotos do presidente Donald Trump e atacam o Supremo Tribunal Federal (STF).
Nas manifestações de apoiadores do governo, foram alvo de críticas a interferência dos Estados Unidos no país e as sanções já aplicadas pelo governo Trump, como a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo do STF que pode resultar na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.
O ato contou com a presença de ministros do governo Lula, como Alexandre Padilha (Saúde) e Luiz Marinho (Trabalho), além do presidente nacional do PT, Edinho Silva (PT), e os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL) e Érika Hilton (PSOL). Por volta das 11h, os participantes ocupavam parcialmente a Praça da República, no centro.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o deputado federal Guilherme Boulos (PSol) disseram que não há chances de o projeto de anistia avançarem no Congresso.
“Nossa Constituição é clara: crime contra a pátria não cabe nem anistia, nem indulto. O Congresso Nacional tem que assumir sua responsabilidade. Se votar questões inconstitucionais, elas serão vetadas, e o Supremo terá de avaliar”, disse Marinho.
Também esteve na pauta do ato em São Paulo a taxação dos super-ricos, a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês e a redução da jornada de trabalho sem redução salarial.