Por Lanna Silveira
A circulação constante de animais rurais no bairro Jardim Real, em Pinheiral, já é um problema antigo que causa insatisfação entre os moradores. Devido aos sítios e fazendas instalados nos arredores do local, a presença de vacas, cavalos e bois no bairro é quase diária, e a irracionalidade dos animais, somada a falta de acompanhamento de algum responsável para domá-los, oferece riscos a integridade física e material da população local.
A discussão sobre o problema foi aquecida durante essa semana, após um morador ter parte da vidraça do portão de sua casa quebrado por um cavalo que andava solto pelas ruas do bairro. Segundo o relato, o morador Márcio Chagas foi surpreendido por dois fortes estrondos e, ao ir até a varanda para verificar o que tinha acontecido, encontrou o cavalo em sua calçada e notou que a vidraça de entrada estava deslocada. Márcio conseguiu retirar o cavalo de sua calçada e gravou os danos causados como provas de denúncia à prefeitura. O morador também registrou o animal ameaçando dar um coice no carro de um vizinho, que estava estacionado na rua.
Márcio alega que ele e sua esposa entraram em contato com a Secretaria Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Rural (Semader), responsável por retirar os animais das ruas e identificar seus donos, imediatamente após o ocorrido. O retorno recebido foi de que o caso seria averiguado quando possível. “Mas e o ressarcimento do meu prejuízo?” questiona Márcio, que já precisou pagar pelo conserto da vidraça.
O morador divulgou a situação a seus vizinhos por meio de grupos de Whatsapp, a fim de alertá-los e discutir, novamente, sobre os perigos da presença de animais rurais nas ruas. Uma moradora, que preferiu não se identificar, enfatizou que o cavalo poderia ter estilhaçado a vidraça ou quebrar uma parte maior do vidro, colocando a vítima em risco de invasão domiciliar pela falta de proteção.
Problema sem resolução
Esta não é a primeira vez que os moradores do bairro sofrem inconveniências pela presença desses animais; ao longo do último ano, a população fez denúncias de danos materiais em carros e portões de garagem, reações agressivas e tentativas de ataque a moradores nas ruas, inclusive crianças. Segundo a comunidade, é comum a presença de boiadas sendo tocadas pelo bairro durante às manhãs, normalmente acompanhadas por crianças e adolescentes. Nas ocasiões em que os animais circulam em grande volume – algo que não ocorre somente com bois, mas também com vacas e cavalos -, o trânsito de carros e pedestres sofre perturbações. Além disso, os animais sujam as ruas com fezes e destroem o jardim de algumas casas.
Outro morador, que preferiu não se identificar, explica que a falta de capina de alguns lotes vazios do bairro também colabora para a vinda frequente dos bichos, que pastejam no mato alto. Ele ressalta que, além de todos os prejuízos citados, a presença dos animais pode trazer zoonoses para a área, como infestação de carrapatos. “Nada justifica você ordenhar vaca e depois soltar nas ruas. Não tem que ter um monte de animal solto sem cuidado, que pode ferir alguém, quebrar alguma coisa e gerar um custo público. Não dá pros responsáveis (pelos animais) simplesmente se acomodarem”, enfatiza.
Ação pública
A comunidade do bairro acredita que as ações promovidas pela Semader para fiscalizar os animais, além de localizar e punir seus responsáveis por sua circulação irregular, são insuficientes e promovem um senso de impunidade que não ajuda a coibir a ação. O Correio Sul Fluminense entrou em contato com a secretaria para pedir um posicionamento sobre as considerações dos moradores. Não houve retorno até o fechamento desta reportagem.
As denúncias podem ser feitas para a Semader, Guarda Ambiental ou diretamente na delegacia de polícia. Os animais recolhidos são direcionados ao Centro Integrado de Recolhimento, Assistência e Controle de Animais LTDA (CIRAC), por meio de uma parceria estabelecida.
A ação de abandono ocasiona uma notificação ao proprietário e, em caso de reincidência, ele deverá ser multado.