Por Lanna Silveira e Ana Luiza Rossi
O primeiro dia do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus no processo criminal por suposta tentativa de golpe de Estado, iniciado nesta terça-feira, dias 02, está sendo acompanhado por setores da direita e da esquerda de Volta Redonda com olhos atentos, assim como em todo o país.
Antônio Cardoso, presidente do diretório municipal do PL de Volta Redonda, mesma sigla de Bolsonaro, descreveu ao Correio Sul Fluminense que considera o processo de julgamento uma “covardia”.
– Acredito que culturas diferentes se chocam. Jair trouxe, desde muito novo, uma cultura militar de honestidade e prestígio. Quando foi para a presidência, cortou muitos privilégios e consequentemente, fez inimigos. Os que foram prejudicados pelo rigor de Bolsonaro deram a presidência do STF para aliados e defensores do PT. É uma injustiça – aponta.
O vereador Rodrigo Furtado, do PL, concorda com o colega de sigla. Ele considera que o julgamento está sendo levado diante de um ‘tribunal político’ e não jurídico. “Muitos ministros têm vínculos claros com governos anteriores. E o enfraquecimento das manifestações, reflete o receio diante de um Judiciário hostil e parcial, mas o apoio ao ex-presidente [Jair Bolsonaro] segue firme”, disse.
Sobre a expectativa com relação ao fim do julgamento, Cardoso acredita que, se Bolsonaro for preso, quem perderá será o país. “Há muitas pessoas que vão se beneficiar com a derrota do Bolsonaro. Se Lula continuar, teremos um futuro incerto. Ele quer fortalecer o governo, sem pensar no contribuinte. Há falta de liderança”, conclui.
Furtado, apesar de afirmar que não espera imparcialidade, reitera que a verdade precisa prevalecer. “A população merece justiça, clareza e respeito à liberdade de expressão. Chega de desigualdade nos julgamentos”, afirma.
Esquerda acusa tentativa de golpe
Para o Diretório Municipal do PSOL de Volta Redonda, o julgamento de Bolsonaro é resultado de uma tentativa de golpe de Estado cuja intenção, para o grupo, “sempre foi verbalizada” pelo ex-presidente. “A tentativa de golpe foi uma maneira de se perpetuar no poder para esconder seus demais crimes”, acrescentam os integrantes do diretório, que abordaram o tema de forma conjunta.
O diretório ressalta ainda que um julgamento por tentativa de golpe de Estado é uma ocorrência inédita no Brasil, que estabelece um precedente importante na política mundial e pode ajudar a impedir que eventuais casos como esse sejam tratados com impunidade.
– Há muito o que se apurar. No entanto, conforme parecer da Procuradoria Geral da República, é incontestável que Bolsonaro comandou uma quadrilha que tentou tomar o Brasil de assalto. Esta quadrilha contava com generais e militares das três forças armadas. É fundamental para a democracia brasileira que sejam condenados por estes crimes.(…) Hoje é um dia histórico que precisa ser didático, pois é preciso ensinar ao povo Brasileiro que a democracia é inegociável e que o destino de golpistas é a cadeia – conclui o diretório.
Marcos Araújo, presidente do diretório do PT de Volta Redonda, afirma que as ações de 8 de janeiro como uma tentativa de golpe que colocou em risco as instituições da Constituição. Para Marcos, as repercussões legais enfrentadas por Bolsonaro representam o amadurecimento da democracia brasileira desde 1988, podendo servir como uma “lição de cidadania”.
– (O julgamento) é a prova de que ninguém está acima da lei e de que nossa soberania não será sequestrada por aventureiros autoritários. O Brasil já sofreu demais com golpes e ditaduras, e isso mostra que estamos aprendendo com a história.