PSD emplaca presidente da INB e Eletronuclear no radar do PT
Por Sônia Paes
A posse do funcionário de carreira Marcelo Xavier de Castro como presidente da INB (Indústrias Nucleares do Brasil) é resultado dos bastidores de uma intensa articulação pelo controle de estatais federais: a Eletronuclear, Nuclep e a própria INB. Marcelo assumiu a presidência no lugar de Adauto Seixas nesta segunda-feira, dia 05, com as bençãos do deputado Hugo Leal (PSD-RJ). As outras diretorias da empresa têm nomes cotadíssimos, mas que ainda seguem em negociação.
A lista com as indicações está no Ministério das Energias e tem algumas resistências. A diretoria de Recursos Minerais está à espera de Tomas Antonio Albuquerque de Paula Pessoa Filho, que ficaria no lugar de Luiz Antônio da Silva. Chancelado pelo MDB e ex-deputado estadual pelo Ceará, o nome dele tem rejeição de moradores de Santa Quitéria, no Ceará, e ambientalistas. Motivo: o projeto de exploração de urânio e fosfato no município cearense, com menos de 50 mil habitantes.
Alexandre Gromann de Araújo Góes está cotado para ser o titular da diretoria de Combustível Nuclear, em substituição a Reinaldo Gonzaga. Tem o aval do PSD de Minas Gerais. É funcionário da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e, por isso, estaria impedido de ocupar o cargo. Detalhe: na gestão anterior, chegou a ser afastado da direção da Comissão, mas foi mantido no quadros.
Já a diretoria de Finanças e Administração, atualmente comandada por Maurício Pessoa, afilhado do deputado federal Julio Lopes, iria para as mãos de Itamar de Almeida, com passagem pela estatal em 2003 quando Lula também era presidente. É apadrinhado pela deputada Laura Carneiro, do PSD. A única diretoria sem previsão de é a de Enriquecimento Isotópico, ocupada por Alexandre de Vasconcelos Siciliano.
Usina nuclear Angra 3 continua na incerteza
Angra dos Reis-RJ, sede da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), operada pela Eletronuclear, está no radar do PT, que almeja a indicação por se tratar de um reduto do ex-presidente Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar desde segunda-feira, dia 05. Desde 16 de julho, o diretor técnico Sinval Zaidan Gama ocupa interinamente a presidência da Eletronuclear. Entrou no lugar de Raul Lycurgo Leite, na presidência desde dezembro de 2023.
Enquanto as mudanças nas duas estatais continuam em compasso de espera em virtude do xadrez político, as obras da usina nuclear Angra 3, iniciadas ainda na década de 80, seguem sem definição.
Martelo batido
A presidência da ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional), estatal que detém participação em Itaipu e Eletronuclear, está sob o comando de Marlos Costa de Andrade, que foi superintendente da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) no Ceará. Assumiu o lugar de Silas Rondeau, com apoio do deputado federal Domingos Neto (PSD-CE). Rondeau foi para o Conselho de Administração da Eletrobras, que vendeu sua participação na Eletronuclear exatamente pelo imbróglio que envolve as obras de Angra 3. Com a venda das ações, a Eletrobras ficou desobrigada de fazer investimento na usina, conforme acertado com o governo federal.
O custo para dar continuidade em paralisar as obras da usina nuclear Angra 3 são similares. Estudo do BNDES mostrou apontou que concluir Angra 3 custaria R$ 23 bilhões, com retorno em geração de emprego, energia e renda, enquanto abandonar o projeto implicaria gasto de R$ 21 bilhões, sem retorno. As obras paradas já custam R$ 1 bilhão por ano.