Por Lanna Silveira
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Clientes da transportadora Loggi de diversas cidades do país sofreram uma tentativa de golpe em massa de falsa taxação de encomendas durante a madrugada desta quarta-feira (30). A mensagem golpista foi enviada por volta das 4h por meio de um usuário de Whatsapp com o nome “Red Strike”, que está cadastrado como empresa e informa representar a Loggi em sua descrição. Além de ter acesso aos números de telefone dos clientes, os golpistas também conhecem seus nomes e endereços de entrega, que são utilizados nas mensagens para aumentar a sensação de veracidade.
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O texto informa que a compra em questão está retida em uma unidade de tratamento devido a uma pendência fiscal e só será liberada caso o cliente regularize a encomenda por meio de um link. Muitas pessoas que receberam a mensagem desconfiaram imediatamente da ação, visto que suas compras eram nacionais e não são sujeitas a taxas alfandegárias. Todas as vítimas que acessaram o link disponibilizado no texto afirmaram que foi feita uma cobrança de exatamente R$ 62,87.
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A tentativa de golpe repercutiu entre lojas e pequenos comerciantes que realizam suas entregas pela transportadora, que alertaram seus clientes de que a mensagem não era verídica. Além disso, diversos compradores que receberam o contato dos criminosos se mobilizaram na plataforma Reclame Aqui para sinalizar a situação e pedir por um posicionamento da Loggi quanto a um possível vazamento em massa de dados. Nas últimas nove horas, foram registradas cerca de 150 reclamações, vindas de diferentes cidades brasileiras, referentes ao problema em questão.
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Golpe comum
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A advogada Jéssica Lopes afirma que tentativas de estelionato envolvendo a falsa taxação de produtos nacionais e internacionais se popularizaram no Brasil após as mudanças na política de cobrança de impostos sobre compras internacionais, aplicadas pelo Ministério da Fazenda. A profissional informa que o procedimento sempre envolve alertar o comprador de que sua mercadoria está presa e só será liberada mediante pagamento.
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Para identificar e reconhecer esse tipo de golpe, Jéssica recomenda que os compradores sempre confiram a situação do envio com o código de rastreio no site oficial da transportadora, além de nunca acessar links enviados por Whatsapp ou qualquer canal que não seja oficial.
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Caso haja comprovação de que houve um vazamento de dados em massa, Jéssica aponta que a Loggi pode responder legalmente pelo ocorrido, com base na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei n° 13.709/2018), que protege os direitos fundamentais de privacidade.
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A advogada também afirma que os compradores que caíram no golpe podem abrir uma ação contra a empresa para tentar recuperar o dinheiro perdido; entretanto, caso a empresa consiga comprovar que a culpa é exclusiva do cliente, a causa será perdida.
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Pronunciamento da Loggi
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Até a publicação dessa reportagem, a transportadora Loggi não emitiu nenhum esclarecimento ou pronunciamento sobre a tentativa de golpe aplicada em seus clientes. Ao acessar o site oficial da empresa, é emitido um alerta padrão de que, em nenhum momento, a Loggi solicitará: pagamentos de taxas para realização de entregas por qualquer meio (PIX, Whatsapp, SMS, links e canais não oficiais); dados e documentos pessoais; foto facial para realização de entrega; pagamentos fora do site ou aplicativo oficiais; e cadastro para contato de trabalho com pagamento de taxas. O aviso também informa os canais oficiais de comunicação da Loggi.
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O Correio Sul Fluminense entrou em contato com a transportadora questionando se houve um vazamento de dados, assim como quais medidas serão tomadas pela empresa para impedir que esse problema ocorra de novo e se existe a possibilidade da Loggi auxiliar os clientes que pagaram a taxa proposta pelos golpistas. Não houve retorno até o momento de publicação da reportagem; o esclarecimento será publicado assim que a empresa entrar em contato com a redação.