O calcanhar de Aquiles do setor nuclear continua sendo a obra de Angra 3, iniciada ainda na década de 80 e paralisada. A “desobrigação” da Eletrobrás em investir na continuidade da usina tornou o cenário ainda mais embaralhado. Após o acordo com o governo federal, a empresa procura comprador para sua fatia na Eletronuclear. Detalhe: pode vir até mesmo de uma estatal chinesa. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que defende a conclusão da obra, não vê problema na negociação: “Se não há impedimento legal, eu não vejo com nenhuma preocupação. Que seja americana, que seja chinesa”, disse à Folha de São Paulo.
O tema chegou à Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados que realizou uma audiência pública em Brasília, durante o mês de maio deste ano, para discutir a retomada das obras da usina nuclear Angra 3. Ela fica no complexo localizado na Costa Verde, Estado do Rio, que abriga ainda as usinas Angra 1 e Angra 2. A opinião da comissão de deputados é de que a paralisação prolongada do empreendimento representa um custo elevado para o país, tanto do ponto de vista financeiro quanto estratégico, energético e ambiental.
O grande dilema em torno da usina nuclear Angra 3, além de opiniões sobre os prós e contras do uso de energia nuclear, são as cifras bilionárias. A conclusão da construção demanda investimentos da ordem de pelo menos R$ 23 bilhões, com retorno em geração de emprego, energia e renda, enquanto abandonar o projeto implicaria gasto de R$ 21 bilhões. Sem falar nas dificuldades financeiras da Eletronuclear, que busca soluções para evitar um déficit de R$ 2,1 bilhões e garantir sua viabilidade econômica.