Viajar nas férias é um momento esperado, mas para quem tem pets, exige planejamento cuidadoso para garantir a segurança e o bem-estar dos animais, seja levando-os na viagem ou deixando-os aos cuidados de terceiros. A decisão de levar o pet depende do destino, meio de transporte, duração da viagem e, principalmente, do temperamento do animal. Pets habituados a passeios e mudanças costumam se adaptar melhor, enquanto outros podem sofrer estresse ao sair da rotina.
De acordo com a médica veterinária Iandara Schettert, professora da Estácio, animais que não estão acostumados com um ritmo mais agitado ou com ambientes diferentes podem apresentar sinais de estresse durante o trajeto ou no novo local — mesmo com brinquedos ou objetos familiares por perto.
A profissional explica que, em viagens de carro, o ideal é evitar oferecer grandes porções de alimento no dia anterior e reduzir ainda mais a quantidade horas antes da saída. “Essa estratégia ajuda a evitar vômitos e mal-estar. Em alguns casos, pode ser indicada a administração de medicação específica para enjoo, prescrita por um veterinário, com dosagem ajustada ao peso do animal. Esse tipo de medicamento atua tanto como antiemético quanto como leve sedativo, contribuindo para um trajeto mais tranquilo”, diz Iandara.
Durante a viagem, o recomendado é parar a cada duas ou três horas para que o pet possa caminhar e fazer suas necessidades e a médica veterinária reforça que a hidratação deve ser feita com moderação: pequenas quantidades de água ao longo do trajeto são suficientes para evitar a desidratação.
“Também é importante preparar o veículo para possíveis imprevistos. Forrar o banco com fraldas ou panos absorventes ajuda a preservar o carro no caso de vômitos ou xixi, além de garantir mais conforto ao animal. Outro ponto importante é que é obrigatório que o animal utilize cinto de segurança ou que viaje dentro de uma caixa. Não é permitido o animalzinho solto no carro. Além de perigoso para todos dentro do veículo, essa atitude é até passível de multa”, destaca.
Quando a viagem é de avião, o planejamento deve começar com a verificação das exigências da companhia aérea. Segundo a veterinária, as operadoras têm adotado uma série de medidas de precaução, com regras específicas para o transporte de pets, principalmente após incidentes recentes envolvendo animais na cabine ou no porão.
“Os cuidados com o animal, no entanto, seguem uma lógica semelhante à de viagens por terra: alimentação leve no dia anterior, higiene feita antes do embarque e, se necessário, medicação antiemética prescrita pelo veterinário. Esse tipo de remédio, quando indicado, ajuda a evitar enjoos e colabora para que o animal fique mais calmo durante o voo. O transporte deve ser feito sempre em caixas adequadas ao porte do animal. Mesmo os pets mais tranquilos podem se assustar com o ambiente do aeroporto e o movimento do avião. Caixas acolchoadas, com um paninho ou fraldinha no fundo, oferecem mais segurança e conforto, além de evitar sujeiras”, indica a professora da Estácio.
Segundo Iandara, atenção redobrada deve ser dada a raças que têm limitações anatômicas, como os braquicefálicos — entre eles, os buldogues franceses, já que o focinho achatado compromete a respiração e essas raças não reagem bem a sedativos nem ao ambiente pressurizado de aeronaves. Por isso, em alguns casos, o transporte aéreo pode não ser indicado.
Para viagens interestaduais, especialmente quando o transporte não é feito em veículo próprio, é obrigatório emitir a Guia de Trânsito Animal (GTA), documento que deve ser assinado por um médico veterinário e acompanhado da carteira de vacinação atualizada.
“Independentemente do destino, o básico deve estar em dia: vacinas, vermífugo, controle de pulgas e carrapatos. Também é importante levar a ração habitual e objetos que ofereçam conforto — como cama, brinquedos e, no caso de cães, guia e coleira. Mudanças abruptas na alimentação ou na rotina podem causar desconforto ou até problemas gastrointestinais”.
Quando a opção é deixar o pet em casa, é possível contar com cuidadores ou pet hotéis. Iandara recomenda um hotelzinho, desde que o animal já esteja habituado, especialmente em períodos de festas, como o Réveillon, quando há fogos de artifício. O barulho e a movimentação podem ser gatilhos de estresse e ansiedade.
“Cuidadores também são uma boa alternativa, seja para visitas diárias na residência do tutor ou hospedagem em casa própria. Em ambos os casos, é importante conhecer previamente o profissional e garantir que o pet esteja com a saúde em dia para evitar riscos, tanto para ele quanto para outros animais. Levar ou não levar o pet nas férias é uma escolha que deve considerar o perfil do animal. Para que o passeio seja tranquilo para todos, a palavra-chave é planejamento. Com atenção aos detalhes e orientação profissional, é possível garantir dias de descanso tanto para os tutores quanto para seus companheiros de quatro patas”, finaliza a médica veterinária.