Lula pede nova reunião para discutir Angra 3 durante encontro no Ministério de Minas

Título do Post Incrível
Indecisão sobre obra de Angra 3, em complexo nuclear no interior do Estado do Rio, deixa setor energético apreensivo - Tomaz Silva/Agência Brasil

Por Sônia Paes

O nome do novo presidente da Eletronuclear, que opera as usinas Angra 1, Angra 2 e Angra 3, está última com as obras paralisadas – deve sair somente entre outubro e novembro, quando deve acontecer uma nova reunião extraordinária do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) conforme Lula pediu nesta quarta-feira, dia 25, em encontro na sede do Ministério de Minas e Energia, em Brasília.

O presidente deixou o ministro Alexandre Padilha responsável pela tarefa e quer tratar também sobre o futuro da construção de Angra 3, ainda uma incógnita que deixa o setor energético com os nervos á flor da pele. Alexandre Lycurgo, atual presidente da estatal, pediu para deixar o cargo, no mês passado, e aguarda somente o seu substituto para efetivar sua saída. O mandato dele terminou em abril.

Se a decisão pela continuidade ou não de Angra 3 gera uma grande impasse, a disputa pela presidência da Eletronuclear aquece a temperatura nos bastidores políticos e subiu ainda mais, no início de junho, quando o governo federal demitiu Carlos Henrique Seixas, um dos cotados para o cargo. Ele presidia a Nuclep (Nuclebrás Equipamentos Pesados) e a demissão aconteceu depois que uma foto sua ao lado do ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier, que teria envolvimento no 8/1, circulou no Planalto. A Nuclep é uma estatal brasileira que se dedica à fabricação e comercialização de equipamentos pesados, especialmente para setores estratégicos como nuclear, defesa, óleo e gás, e energia.

Sidnei Bispo, atual diretor administrativo da Eletronuclear, continua no páreo, mas tem forte rejeição do Stiepar (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica nos Municípios de Paraty e Angra dos Reis). Os sindicalistas enviaram, inclusive, uma carta aberta, ao presidente Lula, contestando a eventual nomeação de Bispo à presidência da estatal.

Ainda na lista de “presidenciáveis” da Eletronuclear consta André Luiz Osório, chefe de gabinete de Lycurgo, com mais de 20 anos de experiência no setor elétrico e passagens pelo Ministério de Minas e Energia. Foi Diretor do Departamento de Informações e Estudos Energéticos e atuou na Empresa de Pesquisa Energética.

Paralisação versus continuidade da obra

O presidente Lula tem um grande problema em mãos. O custo para concluir a usina está estimado em R$ 23 bilhões, enquanto o abandono pode custar R$ 21 bilhões, além de despesas com a preservação do projeto.

No final do mês passado, a Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados promoveu audiência pública para discutir a continuidade das obras, a pedido do deputado Julio Lopes (PP-RJ). O deputado defende que a conclusão da obra é um tema estratégico para a segurança energética do Brasil. Ele afirmou, na época, que é preciso ter transparência em relação ao cronograma, aos custos, ao modelo de financiamento e ao impacto no setor elétrico.

O consenso entre os participantes da audiência foi unânime: a pior decisão, neste momento, é a indecisão. A paralisação prolongada do empreendimento representa um custo elevado para o país, tanto do ponto de vista financeiro quanto estratégico, energético e ambiental.

Mesmo de saída da presidência, Raul Lycurgo participou do encontro e ponderou que a empresa aguarda uma atualização dos estudos do BNDES considerando o recente acordo entre a União e a Eletrobras. As obras paradas já custam R$ 1 bilhão por ano.

“O pior investimento em infraestrutura é aquele que fica paralisado. Esse não é investimento, é gasto”, afirmou, na ocasião. Lycurgo também lembrou que o estudo já conduzido pelo BNDES mostrou que concluir Angra 3 custaria R$ 23 bilhões, com retorno em geração de emprego, energia e renda, enquanto abandonar o projeto implicaria gasto de R$ 21 bilhões, sem retorno.

-A nossa matriz é a mais limpa do mundo. O mundo quer chegar em 2050 onde o Brasil já estava em 2015. Precisamos liderar essa transição energética – defendeu.

Deixe um comentário

Correio Sul Fluminense

Uma Publicação do Grupo Correio da Manhã

Boletim Informativo

Assine minha newsletter para receber novos posts, dicas e fotos. Fique por dentro!

ASSISTA AO VIVO

©2025 – Todos os direitos reservados. Projetado e desenvolvido pelo Correio da Manhã.