Em dias de futebol, a vibração das arquibancadas muitas vezes esconde uma triste realidade: o aumento da violência contra as mulheres. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam que as ameaças contra mulheres crescem 23,7% em dias de jogo; os casos de lesão corporal dolosa aumentam 20,8%, e chegam a 25,9% quando o time joga em casa. A violência doméstica registra alta de 26%, sendo que 80% das ameaças e 78% das agressões físicas são cometidas por parceiros ou ex-parceiros.
Diante desse cenário, a Secretaria de Estado da Mulher promoveu, nesta quarta-feira (18), no Palácio Guanabara, uma reunião com representantes dos quatro grandes clubes de futebol do Rio de Janeiro – Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco – e do Maracanã para apresentar o Protocolo Integrado Todos por Elas, que visa enfrentar a violência contra meninas e mulheres em estádios de forma articulada, através de ações articuladas, tais como o uso de um colete único para identificar profissionais de apoio às mulheres nesses locais. A iniciativa tem apoio do Tribunal de Justiça, Ministério Público, Secretaria estadual de Esporte e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), que esteve no Rio de Janeiro especialmente para acompanhar e fortalecer a ação.
-A proposta de um protocolo integrado e de um colete único prevê ações padronizadas, com métricas em comum, para possibilitar a medição de resultados. A padronização possibilita dar mais visibilidade e aumentar o alcance desse atendimento à mulher em estádios. Este é um movimento que começou nos clubes e que o Governo do Estado abraçou, porque acreditamos que o futebol tem um poder imenso de influenciar comportamentos e valores. Quando os grandes clubes abraçam a causa do respeito, enviam uma mensagem clara: não há mais espaço para violência nos estádios, nem dentro nem fora deles – afirmou a secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar.
O Protocolo Integrado Todos por Elas prevê quatro pilares:
– Ações educativas, com campanhas para conscientizar torcedores, profissionais de segurança e funcionários nos estádios;
– Protocolo de acolhimento e atendimento, com diretrizes para suporte emocional e jurídico às vítimas;
– Capacitação de profissionais, incluindo seguranças, funcionários e voluntários;
– Espaços de denúncia e acolhimento, com sinalização clara de áreas específicas nos estádios.
De acordo com a superintendente de Enfrentamento às Violências da Secretaria da Mulher, Giulia Luz, ficou estipulado o prazo de 4 de julho para que os clubes se posicionem para a aprovação do colete único para profissionais de todos os estádios e do protocolo integrado. O próximo passo será a formalização das ações previstas no protocolo por meio de um acordo de cooperação técnica, que será assinado em agosto.
Plataforma de Treinamento lança curso para profissionais de segurança no dia 25
Durante a reunião, também foi anunciada a abertura do curso para profissionais de segurança na Plataforma de Treinamento do “Protocolo Não é Não! Respeite a decisão”. A partir do dia 25 de junho, esses trabalhadores poderão acessar o site www.naoenaorj.com.br e realizar a capacitação gratuitamente, recebendo ao final um certificado.
-É muito importante que as empresas que atuam na segurança dos estádios fomentem e incentivem os profissionais a fazerem esse curso, que pode ser acessado pelo celular. Com linguagem simples e aplicação prática, o curso usa vídeos curtos para capacitar os profissionais da segurança a identificar e agir de forma correta e acolhedora diante de situações de violência e assédio – disse Heloisa.
