Por Lanna Silveira
Desde o fim de abril, moradores de diversas áreas do país emitiram reclamações sobre o serviço de entrega dos Correios. Muitas encomendas estavam atrasadas em relação ao prazo de entrega, sendo transportadas com lentidão até o local de destino ou simplesmente permanecendo paradas por dias em alguma unidade de tratamento.
Devido a falta de posicionamento público da empresa justificando os problemas de serviço, a principal especulação do público foi de que uma greve estaria sendo promovida entre os funcionários dos Correios – hipótese muito propagada, principalmente, entre outras plataformas que realizam entregas, na tentativa de seduzir clientes que normalmente acionam os Correios para transportar suas encomendas. O impasse, entretanto, não é resultado de uma paralisação dos trabalhadores, mas sim de mudanças operacionais na empresa.
Conforme informado pela instituição, os Correios recentemente encerraram contratos de serviço de entrega com empresas terceirizadas, contando apenas com sua própria frota para prestar a função. A redução de pessoal gerou sobrecarga no manejo das encomendas, o que acarretou os atrasos. Ao entrar em contato com a empresa, o Correio Sul Fluminense solicitou mais detalhes sobre a paralisação e lentidão das entregas, questionando ainda se existe uma previsão para que o fluxo volte ao normal e quais medidas serão tomadas para encaminhar os pacotes atrasados. Não houve retorno até o fechamento desta edição.
O encerramento do vínculo com as empresas terceirizadas é uma das medidas tomadas pelos Correios para cortar gastos em função do prejuízo de R$ 2,6 bilhões obtidos no último ano. A partir de um plano estratégico, que visa alcançar a economia de R$ 1,5 bilhão no caixa de 2025, a empresa também promoverá a redução da jornada de trabalho e do salário dos funcionários; suspensão temporária de férias; lançamento de novos formatos de plano de saúde; revisão do orçamento de funções; prorrogação das inscrições para o Programa de Desligamento Voluntário; incentivo à transferência de agente de correios; e convocação para o retorno ao trabalho presencial.
A estatal pretende, ainda, lançar seu próprio marketplace em 2025 e captar R$ 3,8 bilhões com o New Development Bank para investimentos internos.
Relatos
A situação atual da empresa repercutiu a partir de reclamações da população sobre os atrasos em entregas de encomendas. Mariana Lima, empresária de Volta Redonda, foi às redes sociais alertar seus clientes sobre a paralisação do serviço dos Correios, recomendando que estes evitem solicitar o serviço da empresa caso precisem de algum item com urgência. “Estou com encomendas atrasadas há mais de um mês. Eu fiz o pedido dia 24 de abril, com prazo para o dia 30, e já estamos no fim de maio. Eu precisava imediatamente de um deles, que era um presente”, relatou.
A empresária desconhecia a recente diminuição na frota dos Correios, recebendo a informação apenas quando entrou em contato com a loja na qual fez a compra dos produtos pedindo uma explicação sobre o atraso.
Uma moradora de Pinheiral também teve problemas com a entrega de uma encomenda, que foi postada em uma cidade de São Paulo no dia 9 de abril e permaneceu em trânsito para o Rio de Janeiro por 15 dias. Apesar do pacote já ter chegado em Volta Redonda, cidade vizinha, há dois dias, ainda não foi feita nenhuma tentativa de entrega na sua residência.